O Divórcio dos meus Sonhos - Clare Dowling

O DIVÓRCIO DOS MEUS SONHOS
CLARE DOWLING
Bertrand Brasil

Este é o primeiro romance desta autora que leio, cujo original em inglês intitula-se My Fabulous Divorce, com 434 páginas.

Dona de uma floricultura, Jackie Ball era impetuosa, divertida, espontânea, franca e convencida, mas voltou à estaca zero depois de tanto sofrer por causa de um casamento falido, que até hoje ninguém sabe o motivo do rompimento.

Como não quer mais ficar remoendo essa história tenta levar a vida adiante, porque está cansada de ser boa, pura e comedida, já que sempre se apaixonou por rapazes rebeldes, melancólicos e pseudofilosofos.

Sabia que o verdadeiro amor a estava esperando, em algum lugar.

Pág. 102

Um dia, conhece Dan Lewis, um gerente-executivo bancário alérgico a flores, educado, carinhoso, sensato, sedutor, bem-sucedido, decente, mas desesperado, pomposo, ciumento e possessivo. Teve momentos que ele me irritou com suas birras infantis, chegando ao ponto de achar que este pendia para o outro lado, viu?

Ela decide conquistar a felicidade a qualquer custo, mas precisa se livrar de Henry Hart, seu ex-marido mala e crítico gastronômico famoso por ser do contra devido à língua ferina, com quem foi casada por um ano e meio, porque o divórcio nunca foi assinado. Sua família detestava-o, já que abriu mão de muita coisa por ele.

- (...) éramos o casal mais inadequado possível. Sério, você não conseguiria encontrar duas pessoas mais diferentes no mundo todo!

Pág. 31

Prestes a se casar com Dan, contrata a advogada Velma Murphy, cujo trabalho e a comida eram o seu grande prazer na vida e sua vocação era ajudar as pessoas fracassadas no amor, que solta uma bomba.

“Pela lei do divórcio irlandesa, os requerentes devem estar separados e morando em residências distintas por quatro dos cinco anos estipulados anteriores ao início do processo”.

Pág. 36

Sem alternativas, deixa o orgulho de lado e contata o ex para pedir o divórcio, mas ele não quer dar o braço a torcer desde que leu os argumentos da petição, porque ela abandonou-o sem a menor explicação e quer saber o verdadeiro motivo, já que ficou profundamente magoado e chocado.

Ela não só havia negado que o casamento fora algum dia feliz, como agora estava negando descaradamente, nos papéis, todas as coisas que o tornaram ruim no final! Olhando para aquela patética petição, tinha-se a impressão de que tudo fora por água abaixo por causa de alguns desentendimentos triviais que poderiam muito bem ter sido resolvidos com uma boa conversa regada a vinho.

Pág. 114

Ele ainda tem contas a acertar e vai dificultar ainda mais as coisas armando a maior confusão, porque acredita que Jackie se divorciou por conta de uma crise emocional inexplicável.

- Bem, eu quero o meu espaço! – disse Henry, bem alto. – Quero um retrato justo e exato do nosso casamento e vou contestar essa droga até consegui-lo!

Pág. 115

Ela conheceu-o em um pub londrino. Quando falava nele ficava tensa e estressada, porque sempre a atingia de alguma forma, já que sempre foi incapaz de participar ativamente da vida familiar e se comprometer emocionalmente, o que o tornava atraente, sexy e misterioso, ao contrário dela que era emocional e passional, já que era um babaca, imaturo, depressivo, resmungão e, claro, asqueroso, imundo e fedorento.

Completamente oposto ao moreno e afável Dan, ele tinha um visual amarrotado, era altivo, pretensioso, carismático, autossuficiente, calmo, intransigente, enigmático, cauteloso, reservado, inescrutável, mas sarcástico, arrogante, malicioso, egoísta, obtuso, mal-humorado, cínico, ardiloso, sinistro e insensível, mas era justo, leal e honesto. Seu grande sonho era ser escritor, mas sua vida está cada vez mais complicada e em ponto de ebulição, já que desde a infância nunca acreditou em finais felizes.

Foi somente naquele telefonema que ele percebeu que a perdera de verdade. Perguntava-se se algum dia tentara realmente não perdê-la. Henry se convenceu de que ela havia partido deliberadamente. Seria possível que a tivesse perdido?

Pág. 145

Generosa, corajosa, ingênua, com um senso agudo de abnegação e de autopreservação, mas sem a menor praticidade, Jackie também era impulsiva, tola, imprevisível, volúvel, sonhadora, emotiva e otimista incurável, pois achava que o amor superaria tudo, porque tinha medo do sofrimento, do confronto, da dor e do fracasso. Lançava-se nas coisas com entusiasmo e energia, mas nunca pensou em aposentadoria, estabilidade financeira e economias precoces para o futuro.

“É... dizem que você só conhece realmente uma pessoa quando se divorcia dela.”

Emma, sua sócia e melhor amiga, não era ousada, mas rígida, inflexível, sensata e arraigada em suas convicções, além de ser sovina e tratar o sexo oposto como lixo. Vive às turras com Lech, o polonês atraente que trabalha como entregador de flores, pizzas e panfletos, por conta da química e da tensão sexual que emana entre os dois (me lembrei da Clare e do Sebastian do livro Sem Clima para o Amor, da Rachel Gibson).

Romântico incorrigível, Lech era autoconfiante, ambicioso, efusivo, bem-humorado, mas Emma pegou uma implicância fora de série, no estilo gato e rato, porque se ofendia só de olhar para ele. Com certeza, estes dois mereciam um livro só deles!

- Eu não suporto Lech. Tudo nele me irrita. Mas nem que ele fosse o último homem da face da Terra! Como você pode achar que eu gosto daquilo?

Pág. 75

O que Dan e Henry tramarão e quais são seus objetivos por trás disso? Será que Jackie dará a volta por cima e escolherá um dos dois pretendentes? Encontrará finalmente a felicidade com alguém ou sozinha?

(...) por que ainda andava por aí carregando fotos de sua lua de mel? Por que mergulhara em outro casamento sem sequer ter terminado o primeiro? (...): por que continuava deixando Henry Hart driblar a verdade e dar as caras?

Pág. 247

Os personagens secundários me cativaram mais do que os protagonistas (teve momentos que quis chacoalhar Henry, Jackie e Dan por serem desprezíveis e imaturos!), já que eram carismáticos e interessantes, entre eles a família Ball, os advogados dos requerentes, Emma, Lech.

A família Ball, que me lembrou da excêntrica família Walsh, dos romances da Marian Keyes, era constituída do casal e seus quatro filhos: Eamon, Dylan, Jackie e Michelle.

Michelle era a
queridinha, sábia, inteligente e uma futura advogada, enquanto o restante se distraíra com carros velozes e mulheres devassas. A mãe era hilária e padecia por causa dos filhos indisciplinados, que tiveram todas as oportunidades de se tornarem adultos responsáveis com empregos decentes. O pai aposentado não se importava com nada e vivia fazendo reparos no lar, enquanto a esposa jamais deixou de se preocupar com os filhos. Na reta final, ele me surpreendeu (nesta hora lembrei-me do Ethan colocando a Darcy em seu devido lugar, em Presentes da Vida, da Emily Giffin) dando a volta por cima e foi uma das melhores cenas do livro, onde morri de rir com a cara da esposa incrédula!

Todo mundo sabe que sou fã do gênero chick-lit e com este não foi diferente. Achei muito divertida a arte e o design da capa que tem tudo a ver com o enredo, que é situado na Irlanda e em Londres. A diagramação e revisão estão excelentes!

A leitura foi envolvente e fluiu rapidamente. O desfecho foi previsível, mas achei que terminou de forma abrupta. A história dos protagonistas me lembrou do filme Doce Lar, uma comédia romântica, estrelado por Reese Whiterspoon, Josh Lucas e Patrick Dempsey.

Um romance extrovertido que, além de mostrar que o diálogo é essencial e imprescindível em qualquer situação, aborda o divórcio mostrando-o sob a perspectiva de cada um dos protagonistas, como também fala sobre as questões inerentes a todo ser humano em relação aos relacionamentos amorosos e fraternais, que gerarão momentos de introspecção através de inúmeras mensagens nas entrelinhas com a qual os leitores se identificarão em qualquer situação vivida por cada um dos personagens.

Se você quer uma leitura para relaxar, dar boas risadas e refletir também, este livro está mais do que recomendado!

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