A Verdade nunca Morre - Valter dos Santos

A VERDADE NUNCA MORRE
VALTER DOS SANTOS
Petit Editora


Mais um romance espiritualista originalmente publicado em inglês (The truth never dies, 256p.), que obteve êxito, especialmente nos Estados Unidos.

Podemos cobrar fidelidade, àqueles que deixamos em outro plano de existência? Este é um dos temas abordados na obra que me emocionou.

Casado com Gina, com quem tem três filhos — Harry, Grace e Kit —, Michael além de um marido amável e pai adorável era um jornalista talentoso, e também muito amigo de seu dedicado primo Paul, o editor-chefe de uma rede televisiva, pois foram criados como irmãos, mesmo com seus desentendimentos profissionais. Até que um acidente trágico abala a toda família e ele se vê acertando as contas com o passado.

— Senti tanto sua falta. Não consigo parar de pensar em estar com você de novo. Sinto falta do seu cheiro, do seu jeito, do seu toque. Penso no modo com que você costumava me olhar e em como você me fazia bem após os dias longos e mais estressantes de trabalho. Sinto saudades de você, querida!
Pág. 96

Desde a infância, sua esposa teve muitas desilusões na vida. Abriu mão de seus sonhos e da carreira — que estava no auge — deixando-os em segundo plano por amor à família. 

Como seria sem ele? Como eu criaria nossos filhos sozinha?
Pág. 18

Após sua morte, Gina com o coração angustiado de saudade conta com a ajuda dos bons amigos na criação das crianças, especialmente de Paul. Do plano superior, Michael acompanha tudo.

— Não consigo aceitar! Paul não irá se aproximar de minha família!
Pág. 41

Porém, quando ele presencia uma possível aproximação amorosa entre os dois, fica muito exaltado.

— Mentiroso! Seu mentiroso! Você nunca foi meu amigo. Você me matou, seu monstro! Fique longe dela! Fique longe da minha esposa!
Pág. 98
Como ela podia acreditar em tantas mentiras? Sentiu-se traído por ela não ter sido fiel ao amor que ele a dedicou.
Pág. 118

Ainda amando e sendo fiel ao marido, porque não o esquecera, a vulnerável Gina dará vazão aos seus sentimentos latentes?

— Você está viva, não se esqueça. Já faz quase um ano que Michael morreu, e você precisa voltar a viver. Que perda de tempo ficar aí, estagnada nesse momento de sua vida. É hora de recomeçar. Você ainda tem muito para viver e experimentar. Paul é adorável, bonito e seus filhos o adoram. Qual o problema?
Pág. 66

Diante da verdade que nunca morre, ele perdoará aqueles que sempre lhe fizeram mal?

A história é ambientada no passado e no presente, respectivamente em Liverpool e Londres, onde surge um triângulo amoroso, porque terão suas vidas entrelaçadas em meio ao amor e ao ódio deixando-se abalar pelo antagonismo. Se resignarão com os reveses diante das consequências dos erros de um passado sombrio e marcado por inúmeras tragédias?

Em 1822, a encantadora Felicity é obrigada a se casar por conveniência com Peter para salvar seu pai — viciado em jogo — da ruína e sair da miséria.

— Eu te amei desde a primeira vez que te encontrei e sou louco por você. Este é o dia mais feliz da minha vida, Felicity. Sei que você odeia o fato de nosso casamento ter sido arranjado por minha família e seu pai, mas quero que saiba que eu a escolhi, sempre a quis e não teria escolhido nenhuma outra mulher que não você. Não me importo com o fato de ser pai ser um homem falido e um alcoólatra. Eu a escolhi para ser minha esposa!
Pág. 73

Mantendo-se reservada acerca de sua vida, a jovem acaba sendo prisioneira de um casamento infeliz, perdendo assim seu otimismo e sua vivacidade por conta da pressão, dos ciúmes exacerbados e das discussões do marido possessivo e violento.

Por outro lado, a viúva Beatriz — que abriu mão da fortuna deixada pelo marido — administra um orfanato com o auxílio do seu filho Jonathan, um médico dedicado aos estudos, de caráter e altruísta engajado em causas humanitárias.

— Jonathan, ouça isso: "Dez crianças morreram esta semana na fábrica dos Worleys. Elas foram encontradas com vários sintomas de desnutrição e sinais de tratamento violento". Estou indignada. Alguém tem de parar este homem.
Pág. 55

Esta parte foi tensa, porque os donos de uma fábrica de tecelagem escravizam menores, que são explorados por mão de obra barata trabalhando em condições desumanas e precárias.

Até que um dia, seus caminhos se cruzarão, mas quando parecia que a felicidade estava se encaminhando para alguns dos personagens, uma descoberta culmina numa tragédia terrível devido a um resgate de vidas passadas, que estão entrelaçadas por várias existências em meio a sentimentos fraternos, amorosos e também obsessivos. O que aconteceu? Eles  descobrirão que a verdade nunca morre? Só garanto que fiquei chocada diante de tantas revelações e reviravoltas.

Amei o design tanto da capa quanto do interior desta edição, cujos capítulos são intercalados por uma folha cinza com a imagem dessa flor transparente e essa borda que permeia o título, que estão um zelo. Apesar de ter encontrado alguns erros de revisão, os mesmos não interferem na história, que é ótima.

O enredo me surpreendeu, principalmente no desfecho inesperado porque é uma impressionante lição de amor, fé e aprendizado.

Adorei a evolução de Michael durante toda a trama. É o ápice do livro, onde em flashbacks do passado você desvenda a verdade juntamente com ele, o que termina num desfecho surpreendente. Se prepare para fortes emoções, porque além de um personagem cativante, ele é intrigante porque diante das vicissitudes da vida vai te inspirar a ser alguém melhor.

Uma das histórias mais comoventes foi a de Nina e de sua filhinha Gabrielle, que me dilacerou o coração.

A leitura fluiu de forma envolvente, através de uma escrita singela, transparente e profundamente tocante, onde o autor me transportou para um período histórico, que me fez recordar da minissérie North & South, da BBC, inspirada no romance de Elizabeth Gaskell.

É um romance denso repleto de amores, mistérios e intrigas para ser contemplado a cada página e refletirmos sobre todos os sábios ensinamentos entremeados de amor, lealdade e altruísmo.

— (...). Nunca se esqueçam de que não temos o direito de interferir direta ou indiretamente no livre-arbítrio de nenhuma pessoa. Não temos o direito de nos impor sobre nenhum indivíduo sem o seu consentimento... O amor verdadeiro respeita a liberdade e o livre-arbítrio dos outros indivíduos. Todos aqueles que tentam forçar alguma outra pessoa a ter algum tipo de sentimento viverá uma vida de mentiras, porque o verdadeiro amor é um sentimento poderoso que requer liberdade. Tentar aprisionar alguém é o mesmo que acabar aprisionando a nós mesmos em nossas próprias obsessões. Não podemos possuir ninguém, mas sim caminhar lado a lado com as pessoas, sempre preservando o verdadeiro sentido de nossa existência, que é a perfeição espiritual.
Pág. 60
— (...), ninguém deve enxergar com pena uma situação difícil pela qual alguém possa estar passando, mas sim considerá-la uma certeza de que aquela dificuldade não é nada além do que uma lição para que aquele ser possa progredir.
Pág. 76
— Amar os inimigos não é ter para com eles uma afeição forçada, que não é natural, já que o contato com um inimigo faz bem o coração de uma maneira totalmente diferente. Amar aos inimigos (...) é não ter contra eles nem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. É perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem impor condições, o mal que nós fazem. É não colocar nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem no lugar do mal. É alegrar-se pelo bem que lhes aconteça em vez de se entristecer. É socorrê-los em caso de necessidade. É não fazer nada que possa prejudicá-los em palavras ou atos. É, enfim, pagar-lhes todo mal com o bem, sem intenção de humilhá-los. (...).
Pág. 185

Concordo plenamente com o autor: “Aprenda a amar livre de obrigações. Ame e coloque o seu coração em tudo o que faça, pois só assim você será vitorioso. Nunca desista de seus sonhos. Escute seu coração e dê ouvidos aqueles que sempre te apoiam e incentivam, ou seja, aqueles que têm Deus dentro do coração. Só assim você nunca será desamparado.”

Este livro tem um único propósito: servir de alento às pessoas que perderam um ente querido ou tiveram um coração partido.

(...). Ainda sinto falta da minha mãe e de todos aqueles a quem eu amava e que se foram, embora a dor não esteja mais aqui comigo, pois aprendi que nós não morremos; somente continuamos a progredir. A separação é apenas temporária, e eu tenho certeza disso.
Pág. 8

Diante de mais uma leitura desse gênero, só posso acrescentar: "Como somos insignificantes diante da magnitude de Deus!".


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