Invisíveis - Stef Penney


INVISÍVEIS
STEF PENNEY

Primeiro livro da autora que leio, com 380 páginas, cujo original intitula-se The Invisible Ones e foca no universo cigano.

Ray Lovell conseguiu vencer na vida com muita dificuldade. No momento em que começa o livro, ele está alucinando em um hospital tentando se recordar como chegou ao estado de paralisia. E é através das suas breves reminiscências que descobrimos o motivo disso.

Descendente de ciganos é um detetive particular obstinado e em crise tanto no lado pessoal quanto no profissional. Há dois anos ainda não superou o divórcio, já que Jen completava a parte que lhe faltava, e desde então vive numa tristeza opressora, mas tenta seguir em frente.

(...) – Como pode a pessoa em que mais se confia trair você? Eu não fazia menor ideia. É irônico, eu sei: o detetive particular que descobre adúlteros todas as semanas não fazia a menor ideia de que sua esposa o estava enganando.

Pág. 71

Um dia, é contratado pelo Sr. Leon Wood para investigar sua filha Rose que desapareceu há sete anos sem deixar vestígios. Até hoje todos desconhecem o seu paradeiro, mas ele desconfia que ela tenha sido assassinada.

Ela era casada com Ivo Janko, integrante de uma família inglesa nômade e originária do leste europeu que ocupavam a escória da sociedade cigana, que eram reservados e não se misturavam. Enquanto ele era inteligente, carismático e atraente, ela era reservada, tímida e sossegada. Não tinham nada em comum a não ser Christo, o filho que nasceu com uma enfermidade genética rara que ataca os homens da família (o que é um grande mistério no decorrer da história), que a levou a abandoná-los.

Além da tristeza que carrega, Ivo tem um temperamento terrível, porque só pensa em si. Sente-se culpado por ser o único sobrevivente em meio às tantas tragédias familiares, sendo que algumas são inacreditavelmente misteriosas, e o abandono da esposa simplesmente o enlouqueceu.

- Ela começou a se comportar como se Christo não existisse. Como se nunca tivesse dado à luz a criança. Eu não sabia o que fazer. Estava com medo de que... ela pudesse machucá-lo ou algo parecido. Eu não o deixava sozinho com ela. Quando ela se foi... foi uma espécie de... alívio.

Pág. 146

Ray teme que seja tarde demais para investigar, já que a família de Ivo dificulta ainda mais as coisas por ser um clã fechado que não admite que estranhos se meta em seus problemas. Por isso, não entende essa relutância em ajudá-lo a desvendar esse mistério. Será que estão por trás do seu desaparecimento?

- (...). Acho que você deveria voltar aqui. Todo o trabalho foi interrompido. Acharam alguma coisa no canteiro de obra. Acharam restos humanos.

Pág. 198
- (...). Será que é por que somos ciganos? Não sei. Mas somos amaldiçoados. O que fizemos para merecer isso?

Pág. 269

A cultura e modo de vida cigano sempre me fascinaram e, ao mesmo tempo, me chocaram nesse livro, porque além de saber que sempre foram perseguidos eu desconhecia muita coisa, já que muitos se apegam ao passado e ao puro sangue negro.

Eu (especialmente eu, o de pele mais escura) sabia o que significava ser chamado de ciganinho sujo; sei também sobre as longas e mesquinhas disputas pelos terrenos onde ficavam os trailers, as ordens de despejo e os abaixo-assinados, além das brigas com o sistema educacional.

Pág. 20

A história é dividida em três partes narradas em primeira pessoa sob as perspectivas de Ray e de JJ, sobrinho de 14 anos de Rose, que relata sua vida ao lado da família, cujos capítulos são intercalados no presente e no passado.

Depois de ler um livro da mesma editora que me desagradou, foi uma grata surpresa quando li este. Apesar do princípio meio confuso e lento (ainda bem que não abandonei), especificamente na cena do hospital (que era o momento presente, mas até aí não estava familiarizada com a alternância de tempo nos capítulos), finalmente tudo foi se encaixando na trama que vai enveredando por tantos mistérios que chegou a um desfecho que me deixou boquiaberta. Apesar de ter sido satisfatório, queria uma abrangência maior acerca da cultura cigana e das lacunas não preenchidas que ficaram a cargo da imaginação do leitor, que fica ansiando por mais.

A escrita é agradável e a autora soube perfeitamente conduzir a trama. Há muito tempo li “Esmeralda”, da Zibia Gasparetto, focado nesse universo e amei! Na época em que li, lembrei demais da novela global “Explode Coração” e teve até boatos de que a novelista Glória Perez teria se inspirado nele, o que ela desmentiu, mas ficou surpresa. Mas este é mais focado no suspense e "Esmeralda" é mais no romance.

Se você curte livros do gênero, mesmo com histórias distintas, vale a pena conferir cada um deles.

12 comentários:

  1. Oi Carlinha!

    Estou lendo várias resenhas positivas desse título, e estou ficando bem curiosa para conferi-lo.

    Vou anotar aqui na listinha para ler kkk

    Bjs!

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    1. Oi, Carla.

      Depois de tantos livros que me deixaram enervada, este foi gratificante.

      Leia que você vai gostar.

      Beijos.

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  2. Nunca li nada do universo cigano, parece interessante... pela capa eu imaginava algo totalmente diferente.
    Só não gostei muito de saber que a autora deixa algumas lacunas, sou uma leitora bem preguiçosa, sabe? Gosto quando o próprio autor amarra as pontas, sem que eu precise ficar pensando muito sobre o assunto...rsss

    beijos,

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    1. Oi, Débora.

      A trama é muito interessante, viu? Vale a pena conferir.

      A autora deu um final para a história, mas sabe quando você quer saber mais detalhes? É isso! Achei que ficou algumas lacunas nesse sentido, porque esperava muito mais.

      Se você ler, quero saber sua opinião.

      Beijos.

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  3. Flor,

    Tem meme pra você aqui: http://amagiareal.blogspot.com.br/2012/09/memes-recebidos.html

    Beijoaks elis

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  4. Ei, Carlinha! =D
    Ainda não conhecia esse livro, e, infelizmente, não li nada sobre ciganos ainda.... Parece bem legal! Eu já tinha ouvido falar de "Esmeralda" também! Só essa coisa de lacunas... Tenho medo disso! rs
    Um beijo,
    Inara
    http://lerdormircomer.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Inara.

      Apesar das lacunas, teve um final! Mas sabe quando você anseia por mais informações? Pois é, foi isso o que senti. :)

      "Esmeralda" é lindo!

      Beijos.

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  5. Eu AMEI essa história - ainda mais do que você curtiu!
    E achei perfeito esse final meio no ar ^^

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    1. Oi, Nanie.
      Também gostei muito e torcia por mais páginas.
      Fazia tempo que não lia algo diferente. Foi gratificante! ^^

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  6. No começo da resenha, admito que não estava gostando muito da história, mas depois fui me interessando pela história dos ciganos e achei bem interessante.
    Daria uma chance para ele sim. ^^

    http://grilsandbooks.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Débroah.

      Achei a trama bem interessante e torcia por mais páginas. ^^

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Comentários

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