Mathilda Savitch - Victor Lodato

MATHILDA SAVITCH
VICTOR LODATO
Intrínseca

Este livro, cujo original em inglês Mathilda Savitch, com 312 páginas, é o primeiro livro deste autor que leio.

Mathilda é uma jovem corajosa que encara qualquer problema de frente, lidando há um ano com a perda de Helene, sua irmã primogênita, morta aos dezesseis anos na frente de um trem, enquanto o assassino ainda está à solta.

Eu o odeio. É um sentimento monstruoso Nunca senti nada igual. Se soubéssemos quem ele é, estaria na cadeia.

Pág. 26

Para piorar, paira na cabeça de sua família e amigos um ataque terrorista (nessa parte, há uma cena no porão, que me lembrou de “O Diário de Anne Frank”, que li na adolescência, onde Mathilda faz várias menções. Se você ainda não conhece ou não leu este clássico da literatura, acesse a resenha no blog da Nanie Dias [1]), aumentando ainda mais o sofrimento de uma família consumida pelo luto profundo, que agem como se o mundo não girasse à sua volta.

Você já leu este livro? É meio chato, mas, por outro lado é o livro mais triste do mundo. (...). A pessoa que lê o livro é como deus, enxerga o passado e o futuro. Mas o fato é que o leitor não pode fazer nada. É como ser deus sem ter nada do poder dele. A gente não pode impedir o que vai acontecer.

Pág. 116

Devido a isso, a jovem quer chocar e sacudir os pais, que lecionam em uma faculdade e se apaixonaram na adolescência à primeira vista, para trazê-los de volta à realidade, porque querem esquecer e não enfrentar essa dor que os consome diariamente, como se estivessem nas profundezas de um oceano gelado e sombrio.

Sei que gostaria que fosse outra garota naquela sala. Em vez disso, sou eu parada ali, e continuarei parada ali enquanto mamãe viver. A filha errada, para sempre. Sei o que há no coração dela. (...). Inventar o fantasma de Helene é simplesmente dar-lhe o que ela quer. E se isso a fizer despencar da borda, que me importa? Ela já está debruçada sobre o penhasco. Praticamente pedindo que alguém a empurre.

Pág. 131

Ela odeia-os por não darem atenção aos seus conflitos, dores, anseios e frustrações. Otimista, seu pai sempre foi uma boa pessoa. Confiava em todos, mesmo sendo durão, enquanto Mathilda era uma jovem complexa, tímida e voluntariosa como sua mãe.

(...), depois que Helene morreu, passei meses e meses chorando, enquanto mamãe estava surda. (...), fiquei praticamente sozinha. Papai estava presente, mas não é essa a questão. (...). A mãe de uma pessoa é para ser uma grande parte da vida dela.

Pág. 102
Será que ela vai voltar para mim? Será que algum dia tornará a me amar? Se eu quisesse ser ouvida por ele, teria de gritar. Porque, quando duas pessoas se amam, a gente tem que se tornar um intruso se quiser a atenção delas.

Pág. 180

Helene era inteligente, sexy, dramática, popular, assanhada, que almejava ser cantora, mas até hoje ninguém sabe o motivo dela estar em uma estação de trem. Quando ficava deprimida, ninguém conseguia penetrar essa barreira, porque tinha dois lados, a alegria e a sombriedade.
Completamente oposta da irmã, Mathilda não acreditava em Deus.

Mas em que sentido o que aconteceu com Helene é diferente da guerra? Pessoas morrendo e o mistério terrível do por quê. (...): sempre há um inimigo. E se você não lutar, eles tiram tudo o que é seu, até sua própria irmã. A verdade é que, mesmo que não tenha havido ninguém parado atrás dela, alguém a empurrou.

Pág. 166

Sozinha, busca desvendar sua morte remexendo em seus pertences e acaba descobrindo um grande segredo e uma revelação estarrecedora, porque era perspicaz, astuta e estava determinada em busca da verdade, arriscando tudo o que amava.

Passava-se tempo demais. (...) por que Deus abriria uma porta só para mostrar o vazio. Isso me fez questionar se, quem sabe, ele estaria em conluio com o infinito.

Pág. 103

Um dia, começa a se corresponder com o ex-namorado da irmã, mas o que torna tudo mais estranho é o mistério acerca das mensagens trocadas.

Tenho de descobrir quem é ele. Como foi que fez aquilo. Há toda sorte de maneiras de matar alguém. (...). O que eu queria é justiça. Porque, não importa como a gente pense no assunto, houve um crime.

Pág. 186

Mathilda conseguirá desvendar o mistério que assola o assassinato de Helene? Trará sua família de volta das profundezas do luto e ganhará o carinho e a atenção da mãe?

Um relato devastador que mostra vários lados: primeiro, o lado ambíguo do amor e do ódio contra nossa própria família por conta da nossa carência afetiva ou das humilhações que sofremos. Segundo, a transição da adolescência para a vida adulta de uma jovem obstinada e malévola para chamar a atenção, cujos esforços são infrutíferos. Terceiro, a ousadia e a vulnerabilidade pelos quais todos vivemos nessa fase trazendo sentimentos e conflitos à flor da pele como: amor, ódio, luto, alcoolismo, sexualidade, desejo, frustração, amizade, lealdade, culpa e todas as emoções inerentes aos humanos.

Porque as crianças são inocentes e amam a justiça, enquanto a maioria de nós é má e, naturalmente, prefere a misericórdia.

G. K. Chesterton

Antes de começar a citar os contras deste livro, quero mencionar os prós. Gostei de Anna e Kevin, dois amigos de Mathilda, como dos clássicos que a personagem menciona, entre eles da autora Jane Austen, com suas complexidades psicológicas, além de algumas passagens e mensagens subentendidas. A cena do porão, que faz uma analogia à obra de "Anne Frank", mencionada acima, foi um dos melhores momentos do livro. Foi bem impactante pela ação em si como uma fuga da realidade em que Mathilda vivia.

A maldade ultrapassa a razão. (...) é o oposto de deus e, mesmo que você não acredite em deus, ainda tem que acreditar no mal.

Pág. 109
(...) o mundo está cheio de caçadores e de homens que querem fazer o mal, e nunca faltam pessoas fracas para eles escolherem.

Pág. 115
(...) existem pessoas fracas e pessoas fortes no mundo e, se há pelo menos uma regra que tem validade, é que a pessoa deve proteger o que é mais fraco do que ela, quer se trate de animais, quer se trate de humanos. É preciso zelar por eles, haja o que houver. Não vem ao caso se você os inveja ou se gostaria que eles lhe dessem mais amor.

Pág. 289

A sinopse me instigou desde que a li, porque achei que fosse igual ao livro “Bela Maldade”, da Rebecca James, que amei. Ledo engano, porque fiquei empacada na leitura, que não fluiu. Quando pensei que estava melhorando com a cena do porão, empaquei novamente até concluí-la, que foi arrastada com um enredo, narrado em primeira pessoa e dividido em quatro partes, confuso e anacrônico, que não teve muita coerência por não seguir o que se espera, com princípio, meio e fim. Parece um diário, mas não é, porque você entra na mente da personagem e ela está dialogando com você e mostrando seu lado sombrio e perturbador, o que tornou tudo muito contraditório em uma personalidade forte. Além disso, muitas questões não foram aprofundadas.

Todo mundo deve estar me perguntando: “Mas Carla, porque você não abandonou?”. Como já estava mais da metade do livro, decidi ir até o final para ver no que dava, porque sempre dou uma chance ao livro, já que sou persistente, o que muitas vezes acaba sendo uma grata surpresa, mas este não foi o caso. Fiquei profundamente decepcionada!

Às vezes as coisas acontecem e nos surpreendem. Mas, na maioria das vezes, o que acontece é exatamente o que a gente espera.

Pág. 167

Como os gostos das pessoas divergem muito, pode ser que alguém adore este livro, mas fica a critério de cada um lê-lo ou não e tirar suas próprias conclusões.





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[1] Como li "O Diário de Anne Frank", emprestado de uma biblioteca, quando era adolescente, indico a resenha dele no blog Nanie's World.

5 comentários:

  1. Hey Carlinha!

    Concordo com você, nem todo mundo gosta dos mesmos livros, d mesmo estilo... Adorei sua resenha. 

    Esse livro não chamou em nada a minha atenção =/

    Beijos 

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  2. Ei, Carlinha, que pena que ficou decepcionada! Eu já tinha visto ele antes, mas não conhecia o enredo. 

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  3.  Oi, Lilian.

    Foi uma grande surpresa nesse quesito, mas já aconteceu várias vezes de eu errar na escolha, mas acho que apenas dois livros foram iguais a esse, o que foi uma pena, porque esperava demais desde que li a sinopse. Sempre dou uma chance a qualquer um, mas nesse caso foi decepcionante!

    Como disse acima, só gostei de alguns pontos, mas analisando no geral simplesmente não gostei! [risos].

    Mas cabe a cada um ler e tirar suas próprias conclusões.

    Beijos.

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  4. Oi, Carol.

    Você disse tudo com apenas uma palavra: "mórbido"!

    Porque é exatamente isso que senti no transcorrer da leitura, mesmo a sinopse tendo me instigado a princípio.

    É uma pena mesmo, porque nem sempre acertamos em nossa leitura. rs.

    Beijos.

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  5. Oi Carlinha,

    No ínicio da resenha achei que o livro fosse ser legal, mas depois não me interessei mais.

    Achei meio mórbido demais.


    bjs

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