Cinquenta tons de cinza - E. L. James

CINQUENTA TONS DE CINZA
E. L. JAMES

Intrínseca


Este livro (Fifty Shades of Grey, com 480 páginas) é o primeiro volume da trilogia homônima, que se originou de uma fanfic de “Crepúsculo”.

Aos 21 anos, Anastasia Steele é uma espirituosa estudante de literatura inglesa, que divide um apartamento com sua melhor amiga Katherine, mas ao contrário desta nunca teve um relacionamento sério. Ao conhecer o poderoso Christian Grey, durante uma entrevista para o jornal da universidade, seu mundo vira de cabeça para baixo porque se vê irremediavelmente apaixonada por este homem belíssimo e brilhante.


Homem nenhum jamais me afetou como Christian Grey, e não consigo entender por quê. Será sua aparência? Sua educação? Riqueza? Poder? Não entendo minha reação irracional.
Pág. 19

Com menos de trinta anos, este homem imprevisível e enigmático comanda um negócio milionário e possui uma vasta fortuna. Reservado e excepcionalmente atraente possui hobbies caros e é um maníaco atormentado por controle, já que pratica sadomasoquismo, o que tem a ver com seu passado obscuro que iremos desvendar no decorrer da trilogia.

Ele tem um lado humano de descontração, generosidade e filantropia que inspira segurança, o que é comum nos mocinhos que cativam o público feminino nos romances, mas por outro lado emana frieza e autocratismo, o que me repeliu durante todo o livro (Se eu fosse a Anastasia, já teria fugido há muito tempo! Ainda mais depois de um certo aviso, mas parece que o perigo sempre nos atrai. E deu no que deu!).


Anastasia, você deve se afastar de mim. Não sou homem para você.
Eu não namoro.
Não sou o tipo que manda flores.
Eu não faço amor.
Pág. 207

Apesar de tímida, ingênua e independente, por trás de sua baixa autoestima, fragilidade e insegurança, Ana é uma mulher forte. Assim como muitas mocinhas de YA, é desastrada e gosta de passar despercebida. De tanto ler romances clássicos, suas expectativas amorosas eram altas, já que nunca alguém a fez se sentir assim.


Ele é o único homem que já fez o sangue disparar nas minhas veias. Mas também é muito antipático. Difícil, complicado e confuso. Uma hora me rejeita, em seguida me manda livros de quatorze mil dólares, depois me segue como um espião. E, apesar de tudo, passei a noite em sua suíte de hotel, e sinto-me em segurança. Protegida. Ele se importa o suficiente para me resgatar de um perigo evidente. Não é um cavaleiro das trevas coisa nenhuma, e sim um cavaleiro romântico numa deslumbrante armadura reluzente, um herói clássico. Sir Gawain ou Sir Lancelot.
Pág. 66

Em meio a isso, descobrirá seus anseios e desejos mais profundos como também os segredos desse ser intimidante, já que ambos são diametralmente opostos e de mundos diferentes, mas desarmam um ao outro.

Por ser inexperiente e virgem, ao se entregar de corpo e alma a esse amor, depara-se com o universo sadomasoquista que a deixa completamente assustada e, ao mesmo tempo, rendida aos seus encantos de sedução. Ele se torna cada vez mais irresistível aos seus olhos, mas tem um desejo pungente de conhecê-lo melhor e entender sua tristeza, porque se perdeu em algum lugar.


Grey é arrogante e prepotente, mas Ana o considera um herói romântico. Na verdade, ele tem sérios problemas emocionais devido aos traumas sofridos na adolescência e está arrastando-a para o poço com seu humor instável e seu autoritarismo despótico. Ele não a ama, já que tem ideias estranhas a seu respeito.

- Por que você não gosta de ser tocado?
- Porque sou cinquenta vezes fodido, de cinquenta maneiras, cinquenta tons diferentes, Anastasia.
Pág. 241

Queria ter uma relação normal sem ter BDSM envolvido pelo fato de haver uma
linha tênue entre prazer e dor. Este sentimento protetor a deixa angustiada e melancólica, porque ele sufoca-a cada vez mais. Sua intuição alerta-a de que não dará certo, porque ele a trata como um brinquedo conveniente que pode levar para a cama e fazer coisas atrozes, já que tem medo de compromisso por ser um sacana e querer um relacionamento pervertido onde não pode opinar em nada, porque quer torná-la sua submissa. Além de usar o sexo para o seu prazer, ele usa como arma.

Sei que se eu aceitar esse negócio dele, vou me machucar. Ele não tem capacidade, interesse nem disposição de oferecer mais nada... e eu quero mais.
Pág. 180

Apaixonada por alguém tão fechado e sentindo-se cada vez mais perturbada, Ana aceitará os termos impostos por Grey, mesmo querendo que a ame como deseja e sendo reticente com a relação
por medo de ele machucá-la, seja fisicamente ou emocionalmente? Assinará o contrato onde submeterá a todas as suas vontades e permitirá que ele controle sua vida?

Já Christian acha que merece ser punido por sua incapacidade de amar e sentir prazer em infligir dor, que é a sua obsessão. Por que sente que não merece ser amado? Será que, na realidade, ele realmente sente algo por Ana e tem medo disso? Será que se redimirá em nome do amor?
 
Se seus sonhos e esperanças são vãos, só saberemos nos próximos volumes.

Este romance contemporâneo adulto me trouxe sentimentos conflituosos. Primeiro, depois de ler e ouvir tantas opiniões divergentes do tipo "ame ou odeie", estava receosa em lê-lo. Mas como a curiosidade venceu, decidi pegar o boi pelo chifre e abster-me de qualquer tipo de preconceito e li, mas sem nenhuma expectativa. E segundo, discorrerei mais abaixo.

Adorei a capa com o seu tom aveludado e esta gravata ilustrada, que está dentro do contexto da trama. Para quem ainda não sabe, o título foi um trocadilho entre o sobrenome e as várias nuances instáveis de Grey.

A princípio, eu apreciei a coesão do enredo e os dramas dos personagens, sempre focando no romance em si, mas ao longo da narrativa minha opinião foi mudando gradativamente, porque tudo foi ficando muito imprevisível.

Até agora não entendi esse frisson acerca da trilogia, já que li livros excelentes como “A Irmandade da Adaga Negra” (J. R. Ward), “Entre a Nobreza e o Crime” (Jane Herman) e “Um Olhar de Amor” (Bella Andre).

Infelizmente, no caso deste livro, a narrativa em primeira pessoa não me agradou, pelo fato da escrita ser muito vaga, incluindo termos repetitivos, além da acentuação excessiva, que chegam a ser monótonas e, na maioria das vezes, enervantes por sua incoerência.
Isso deixou a desejar e atrapalhou um pouco a leitura. Cheguei ao ponto de ler a mesma frase para ver se era aquilo mesmo que estava lendo. Quase abandonei o livro, quando vi que a leitura não rendia, mas como sou uma leitora persistente e não desisto sem dar uma chance, decidi ir até o final para ver no que dava.

Sempre gostei de romances clichês com um toque de sensualidade, mas este foi o primeiro que li com toques de BDSM. Achei as cenas eróticas demasiadamente explícitas, o que chegou a fatigar-me, ainda mais pela superficialidade e controvérsias em relação ao tema, que foi bastante opressivo. Por isso, sentia falta de mais enredo na trama, acredito e espero que isso melhore nos próximos volumes.

Sempre gostei de personagens conturbados e sombrios, mas ao contrário de "Cinquenta Tons de Cinza" havia um desenvolvimento por trás da trama que trazia uma mudança drástica à sua personalidade, o que não ocorreu aqui. Diferente de muitos leitores, eu gostei de Grey, mas por outro lado sua personalidade era emocionalmente instável, o que me repelia. Gostaria que a autora tivesse se aprofundado mais na história e nos personagens, porque algumas situações me deixaram incrédula.
 

Alguns diálogos são similares aos da saga “Crepúsculo”, da Stephenie Meyer, mas completamente dissonantes. Não vou negar, a história é boa e o que realmente valeu a pena foram os tons sarcásticos e os e-mails trocados entre os protagonistas, o que tornou tudo mais interessante ao enxergarmos seus lados humanos e sinceros. Foi ótimo ver alguns trechos sob a perspectiva de Grey. Foi muito divertido e engraçado.

Os cacoetes de Ana, além das interjeições e sua “deusa interior” me tiraram do sério! Apesar de ela ser irritante e imatura o tempo todo, no final emanou uma força quando tomou as rédeas da situação, agindo da forma como ansiei desde o início, o que fez com que ganhasse pontos comigo. Vibrei muito nesse momento!
Espero que não volte atrás em sua decisão, só se o Christian mudar... Aí quem sabe. Será que isso é possível?!

Gostei muito de a editora Intrínseca ter mantido os termos chulos sem nenhuma edição ou suavização, já que muitos livros que são publicados por aqui são atenuados. Encontrei alguns erros de revisão, mas espero que sejam corrigidos nas próximas edições.
 
Quanto a lê-lo ou não, fica ao seu livre-arbítrio e tire suas próprias conclusões, mas só aconselho-os a lerem com a mente aberta para ter uma outra perspectiva.

Os direitos do livro foram vendidos e será adaptado no cinema.


Trilogia Cinquenta Tons de Cinza
(Trilogy Fifty Shades of Grey)

1. Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey)
2. Cinquenta Tons mais Escuros (Fifty Shades Darker)
3. Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed)

6 comentários:

  1. Oi Carla...

    Também fiquei meio assim com esse livro, mas o segundo melhora e aquela deusa interior cala a boca... oh, coisinha irritante, né??
    Leia o segundo que acho que você irá gostar bem mais...

    beijos

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    1. Oi, Débora.

      Pelo visto a Anastasia mexeu com os nervos de todos que leram. rs.

      O primeiro volume de uma trilogia sempre traz sentimentos contraditórios, mas torço para que os próximos melhorem. :D

      Quero ver no que vai dar, porque depois que li uma prévia do segundo senti que a narrativa está bem melhor, o que me animou um pouco.

      Beijos.

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  2. Ganhei esse livro e o 2º da trilogia, mas ainda não decidi se irei ler, quem sabe um dia não é?!
    Acho que tem que entrar mesmo sem expectativas na leitura, mas para certas pessoas que estão acostumadas com livros bem escritos e com conteúdo, realmente pode travar.
    Quem sabe um dia...

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    1. Oi, Leninha.
      Concordo plenamente com você, porque foi isso que aconteceu comigo.
      Vou ler o segundo e ver se gostarei, porque esse foi complicado.
      Leia de forma despretensiosa, aí dá p/ se divertir um pouco. ^^
      Beijos.

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  3. Oi, Carla!
    Bom... eu também li sem esperar muito, afinal tudo era ame ou odeie.
    Não nego que não morri de amores.
    Anastasia me tirou do sério várias vezes. As melhores partes, na minha opinião, eram os e-mail sem dúvidas.
    Grey me causou menos raiva que Anastasia porque ele disse desde o começo como era e a tapada não escutou.
    É uma relação de amor e ódio com a história, principalmente, porque comecei a ler 50 tons mais escuros e já fiquei com raiva.

    http://grilsandbooks.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Déborah.

      Concordo com você.

      Apesar da temática interessante, realmente não é o melhor livro que já li.

      Apesar da Ana ter me irritado além da conta, no final parece que tomou jeito. Vamos ver se ela permanece tendo essas atitudes nos próximos livros da série.

      É mal das mocinhas não ouvirem desde o princípio o aviso bem claro, como ocorreu o mesmo em "Twilight". Adoram um perigo, não é? [risos].

      Adoro livros que causem essa relação de amor x ódio, mas o que me incomodou realmente neste foi o texto mal escrito como assinalei acima.

      Pretendo ler os próximos e vamos ver se minha opinião mudará.

      Beijos.

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