PEQUENA ABELHA
CHRIS CLEAVE
Título Original: The Other Hand
A primeira vez que ouvi falar desse livro, fui arrebatada pela forma instigante com que a sinopse acabou atraindo minha atenção e, consequentemente, acabou despertando minha curiosidade. E, por conta disso, precisei interromper minha leitura de "O Mapa do Tempo", de Félix J. Palma, só para vocês terem ideia do quanto a minha curiosidade era imensa. (risos).
Pelo título temos a impressão de tratar-se de mais um livro infantil, mas estão redondamente enganados, porque ele retrata uma história forte, densa e que, ao mesmo tempo, inspira muitos questionamentos.
Pelo título temos a impressão de tratar-se de mais um livro infantil, mas estão redondamente enganados, porque ele retrata uma história forte, densa e que, ao mesmo tempo, inspira muitos questionamentos.
As vidas de Sarah, uma inglesa, e da Pequena Abelha, carinhosamente chamada de Abelhinha, uma nigeriana, se chocam num dia fatídico em uma praia da Nigéria, onde Sarah toma uma decisão terrível, daquelas que jamais imaginamos um dia enfrentar. Esse foi apenas um dos momentos mais fortes e impactantes da história
Era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um.
Depois desse dia, suas vidas nunca mais foram as mesmas, porque elas jamais esqueceram essa tragédia, que sempre ficou à espreita.
Dois anos mais tarde, elas se reencontram em Londres, mas agora Abelhinha é uma refugiada nigeriana foragida do Centro de Detenção de Imigração, mas não vou dizer como ela chegou a esse ponto. Vocês terão que ler para entender a dimensão da tragédia que abateu sobre ela e sua família e, nesse meio tempo, tudo volta à tona na vida dessas duas mulheres: as lembranças, o passado, as tragédias...
Dois anos mais tarde, elas se reencontram em Londres, mas agora Abelhinha é uma refugiada nigeriana foragida do Centro de Detenção de Imigração, mas não vou dizer como ela chegou a esse ponto. Vocês terão que ler para entender a dimensão da tragédia que abateu sobre ela e sua família e, nesse meio tempo, tudo volta à tona na vida dessas duas mulheres: as lembranças, o passado, as tragédias...
"Fugir da crueldade é a coisa mais natural do mundo, é claro. E as circunstâncias que nos reuniram naquele verão foram extremamente cruéis."
Apesar da dramaticidade do romance, em muitos momentos é engraçado e divertido, através do garotinho Charlie, de apenas 4 anos de idade, o filho de Sarah e Andrew, que acredita ser um super herói e ter poderes especiais. E isso o torna especial e nós acabamos rindo com ele. Com suas brincadeiras e traquinagens à parte, ele é um encanto, porque tem a pureza, a doçura e a inocência tão comum nessa idade. Vocês que são mães e tem filhos pequenos vão adorar e acabar identificando-se com a linguagem da criança.
Abaixo deixo um dos inúmeros diálogos, que acabam sendo encantadores e, ao mesmo tempo, traz um fio de esperança a todos que o cercam, em meio a tantas tragédias.
Abaixo deixo um dos inúmeros diálogos, que acabam sendo encantadores e, ao mesmo tempo, traz um fio de esperança a todos que o cercam, em meio a tantas tragédias.
- Mmm?
- Ah, já entendi, querido, você é igual a um morceguinho com seu sonar. Vai continuar mandando esses "Mmms" até um deles repercutir em alguma coisa sólida, não é?
O livro tem belas mensagens nas entrelinhas e frases lindas, mas puramente reflexivas, entre elas:
(...) uma cicatriz nunca é feia. (...) temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. (...) uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi".
De meu país vocês tiraram o futuro e para meu país vocês mandaram os objetos do seu passado. Não temos a semente, temos a casca. Não temos o espírito, temos o crânio.
Apesar de ter adorado a dinâmica da história, a linguagem do autor, que é deliciosa e faz com que a leitura flui maravilhosamente a cada página e faz com que fiquemos ansiosas pelo desfecho dos personagens, porque vocês sentirão um grande encanto no desenrolar da narrativa, porque ela te arrebata do princípio ao fim de uma forma excitante e perturbadora!, há uma pequena exceção, em relação ao final, que simplesmente não me convenceu, achei bem confuso. Reli várias vezes para ver se entendia e, mesmo assim, fiquei com a sensação de que faltou algo, parece que ficou incompleto. Ficou um vazio, sabe? Esperava bem mais.
Mas isso não impede que a história seja emocionante, comovente, reflexiva e a linguagem da narrativa e nos diálogos entre as imigrantes, lembrou-me muito dos livros "A Cor Púrpura", da Alice Walker e "...E o Vento Levou", da Margaret Mitchell.
O autor soube muito bem criar personagens memoráveis com muita inteligência, compaixão e que, nos momentos sombrios, nos trazia um raio de esperança, mesmo que fosse remoto. Uma história que me fascinou e, ao mesmo tempo, trouxe uma realidade nua e crua, assim como a própria vida.
Em diversos momentos, no decorrer da leitura, pranteei junto com a Abelhinha, a Sarah (tive "raiva" dela por alguns momentos), mas mesmo assim ambas são mulheres fortes, decididas, com suas virtudes, defeitos, traições, imperfeições, sacrifícios, mas com um senso de nobreza inquestinonável!
Por isso, é uma leitura que vale a pena, porque ela te arrebata e te emociona. Quer sentir um pouquinho dessa emoção que eu senti? Leia ao primeiro capítulo, clicando aqui!